Guest Post Bruna Farias
Por que fazer anotações à mão garante melhor aprendizagem?
Saiba os motivos pelos quais utilizar papel e caneta para registrar algo ajuda na memorização
Antes da popularização de computadores e smartphones, escrever à mão era um hábito bastante comum entre os estudantes. No entanto, hoje em dia, muitos preferem fotografar ou gravar o conteúdo em vez de exercitar a escrita, deixando praticamente de lado o caderno comprado na papelaria.
No entanto, essas práticas, quando comparadas aos benefícios de escrever à mão, têm se mostrado menos eficazes no quesito aprendizagem. Isso porque pesquisadores afirmam que a escrita física envolve a mente de uma maneira diferente, sendo uma das melhores formas de fixar as informações na memória.
Ou seja, quando estudantes, por exemplo, fazem anotações em seus cadernos, as chances de absorver o que está sendo estudado aumentam consideravelmente. Mas por quê? Na verdade, a explicação para este fato é bem simples: quando uma pessoa toma nota no papel, ela fica totalmente focada nesta ação.
Além disso, também há um ganho no desempenho da linguagem escrita, pois as palavras são observadas e analisadas com atenção — diferentemente do que acontece em celulares e aplicativos de texto, que fazem correções automáticas e exigem bem menos da qualidade da linguagem.
Escrever à mão faz com que o cérebro se comporte de forma diferente
Embora muitos pensem que a caligrafia é uma habilidade básica, a verdade é que ela é consideravelmente importante por várias razões. A principal delas é que escrever à mão abrange um processo cujo resultado final é uma grande melhora na memorização. O foco profundo na atividade estimula a memória, auxiliando a retenção do novo conhecimento no cérebro.
Outra vantagem da escrita à mão é que ela proporciona um espaço único para a criatividade aflorar, já que quem está escrevendo se envolve completamente com o assunto escrito.
Além disso, a escrita física traz uma sensação calmante para o corpo, enquanto a digital nos incentiva a trabalhar com mais intensidade e rapidez. Por isso, tarefas como escrever à mão podem auxiliar bastante a encontrar a estabilidade entre o aprendizado e a diversão.
Ainda, a falta da prática pode gerar um efeito bastante negativo no desempenho escolar. Isso porque a escrita à mão é utilizada na maioria das disciplinas, seja para fazer anotações, seja para trabalhos e testes em sala de aula.
No entanto, os professores precisam encontrar um equilíbrio entre as práticas tecnológicas e a escrita analógica. Isso é importante porque, caso o aluno considere a caligrafia cansativa e demorada, sua motivação para escrever pode ser consideravelmente reduzida. Se esse processo ocorrer, os danos para a aprendizagem podem ser profundos, atingindo diferentes áreas do conhecimento.
Escrever a mão não significa abandonar a tecnologia
Um estudo feito em 2020 por uma equipe de pesquisadores noruegueses observou crianças de 12 anos de idade enquanto elas desenhavam, escreviam e digitavam palavras. A conclusão do estudo foi de que o desenho e caligrafia produziam particularidades neurais reveladoras, ou seja, indicativos de um aprendizado mais consistente.
Entretanto, isso não quer dizer que devamos abandonar a tecnologia, visto que crianças portadoras de doenças, como dislexia ou disgrafia, se beneficiam bastante delas. Além disso, vivemos em tempos em que todas as crianças precisam desenvolver habilidades digitais para se encontrarem em um mundo profundamente tecnológico.
Inclusive, a recomendação dos próprios pesquisadores é expor as crianças desde cedo às atividades de desenho e escrita na escola, a fim de determinar os padrões de oscilação neuronal positivos para o aprendizado. Desta forma, é possível garantir os benefícios de um maior desenvolvimento dos sentidos e da integração sensório-motora.
Sendo assim, um ambiente ideal de aprendizagem deve equilibrar a escrita analógica e a tecnologia, levando em conta os pontos positivos de cada uma delas. Dessa maneira, tanto a eficiência do aprendizado quanto o desenvolvimento cognitivo serão fortalecidos.
